Facebook testa reconhecimento facial para comprovar se utilizadores são reais
E se o Facebook lhe pedir para o filmar para poder continuar a utilizar a sua conta? Para reduzir os efeitos das contas falsas, a rede social confirma estar a fazer testes de reconhecimento facial.
O Facebook está a fazer testes para os utilizadores autenticarem as suas contas através de reconhecimento facial, para que possam continuar a utilizar as suas contas. Se os testes do “reconhecimento por selfie“, como lhe apelida o Facebook, forem considerados bem sucedidos, a rede social vai passar a utilizar este método de autenticação para evitar a proliferação de contas falsas na plataforma. Além disso, a empresa está a preparar “pedidos de verificação mais fortes” para garantir que os utilizadores podem continuar a utilizar as suas contas.
Como garantia de privacidade para os utilizadores, o Facebook apelida este sistema que está a testar de “face detection” (deteção facial, em português) e não utiliza o termo “facial recognition” por reiterar que utiliza o sistema apenas para saber se do outro lado da conta há ou não um ser humano, e não o ser humano que diz ser a conta.
A revelação foi feita esta quarta-feira durante um encontro com jornalistas na sede do Facebook em Londres, no qual o Observador participou. De acordo com Simon Cross, diretor de produto da equipa de Integridade na Comunidade das plataformas do Facebook, este sistema de “captura por selfies” serve para “provar que a pessoa por detrás da conta tem boas intenções”.
Estamos a testar selfies para saber se é a pessoa que está por detrás da conta. (…) Uma coisa que nos ajuda é sabermos que está uma pessoa por detrás da câmara”, revelou Cross.
Simon diz que este mecanismo está apenas em fase de testes e “só para verificação”. O sistema é ativado apenas nos momentos em que o Facebook considera que a conta foi criada para fins nefastos e não é controlada por uma pessoa real. Ou seja, quando é uma máquina ou algoritmo que gere a conta falsa.
Em relação à privacidade dos utilizadores, o responsável do Facebook promete que as imagens recolhidas não estão a ser comparadas com outras imagens e este método “serve apenas para confirmar que há uma pessoa verdadeira por detrás da conta“. Simon também refere que, se este método deixar de estar em fase de testes, vai dissuadir pessoas que criam múltiplas contas nas redes sociais para enganar outros utilizadores.
Sobre este novo mecanismo, o responsável do Facebook explicou ao Observador: “Há várias situações em que exigimos às pessoas que nos providenciem mais verificações. Dando exemplos, os mais óbvios são os anúncios políticos. Se quiser ter um anúncio político no Facebook tem de verificar a sua identidade e localização. Até se fazer isso, não se pode publicar anúncios políticos. Isso é para garantir que quem faz esse tipo de anúncios é quem diz ser”.
Segundo explicaram os responsáveis da rede social presentes no encontro, este mecanismo funciona de forma muito semelhante ao reconhecimento facial nos modelos mais recentes dos smartphones (como nos iPhone, Samsung ou Huawei)
Se o Facebook considerar que a conta é falsa, antes de poder voltar a aceder, o utilizador tem de permitir o acesso à câmara frontal do aparelho que está a utilizar. Depois, enquanto a câmara filma o utilizador, surgem vários passos a seguir — como “olhe para a direita, ou olhe para cima” — para confirmar se é um ser humano que está a operar a conta.
Relativamente aos problemas de direito à privacidade que esta ferramenta pode criar — como o utilizador poder não querer que o Facebook o filme para voltar a usar a sua conta — a rede social não avança mais informações. “Não temos certezas sobre quando e como vamos requerer às pessoas para darem mais provas da sua identidade”. Contudo, fica uma promessa: apesar de a prioridade ser “a segurança da comunidade”, a empresa diz não querer “limitar a capacidade” de uma pessoa poder utilizar os seus serviços.
Ao longo do tempo podem ver-nos a pedir uma verificação mais forte para fazer certas coisas no serviço. De novo, no geral, o objetivo é manter a comunidade segura e minimizar as más experiências. Isso é o que estamos sempre a tentar fazer. Se houvesse uma maneira mágica para verificarmos a identidade das pessoas e a autenticidade, minimizando os dados tendenciosos que recolhemos, isso seria perfeito”, diz Simon.
O Facebook diz ainda estar a trabalhar com “organizações e com parceiros” para melhorar e facilitar a tecnologia de autenticação.
Em 2017, o Facebook testou um reconhecimento por selfies que não chegou a avançar. Em vez de filmar o utilizador, a plataforma pediria para a pessoa fazer o upload de uma fotografia de perfil. Sendo um método falível, e tendo criado controvérsia, não avançou.
Estas medidas estão a ser testadas pela empresa detentora do Facebook, Instagram e WhatsApp numa época em que o número de utilizadores falsos continua a crescer. A plataforma fundada e liderada por Mark Zuckerberg afirma já ter banido milhares de milhões de contas falsas criadas por piratas informáticos que querem enganar outros utilizadores para esquemas económicos, deturpar eleições ou promover terrorismo.